Cerca de um mês atrás, foi lançado o filme “Anne Frank, Minha Melhor Amiga” na Netflix. Baseado na história real da amizade entre Anne Frank e Hannah Goslar, o filme aborda a ocupação nazista em Amsterdam e o angustiante reencontro em um campo de concentração.
Apesar do que muitos pensam, Anne não era holandesa, e sim alemã. Ela nasceu na cidade de Frankfurt, em 12 de junho de 1929. Por causa do ódio aos judeus e da má situação do país, seus pais, Otto e Edith Frank, decidem mudar-se para Amsterdam, onde abrem uma empresa.
Sua adaptação é rápida: ela aprende a língua, faz amigos e frequenta uma escola holandesa. Mas quando a Segunda Guerra Mundial começa, em 1939, e a Holanda é invadida pelos soldados nazistas, a vida dos judeus vai ficando cada vez mais difícil. Parques, cinemas e lojas não-judaicas, entre outros locais, foram proibidos aos judeus. Seu pai perde o seu negócio, uma vez que já não é permitido aos judeus terem empresas próprias. Todas as crianças judias, incluindo Anne, tiveram que ir para uma escola judaica separada.
No início de julho de 1942, sua irmã Margot recebe um telefonema, convidando-a para trabalhar na Alemanha nazista, e seus pais ficam desconfiados. Eles não acreditam que se trate de trabalho e decidem se esconder para escapar da perseguição. Eles se instalam no Anexo Secreto, um espaço nos fundos de sua empresa.
Durante os dois anos em que permanece escondida, Anne escreve em seu diário sobre o que vai se passando no Anexo, e também sobre o que sente e pensa.
No início de agosto de 1944, eles são descobertos e presos, sendo enviados para campos de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau. A viagem leva três dias, durante os quais Anne e outras mais de mil pessoas viajam apertadas em vagões de gado. Há pouca comida e água, e apenas um balde para ser utilizado por todos como penico.
Três meses depois, Anne e sua irmã são deportadas para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde falecem das consequências da febre tifoide. Otto, seu pai, é o único sobrevivente da família. Ele reencontra os diários de Anne e decide publicá-lo sob o título Het Achterhuis (O Anexo Secreto).
O livro vira sucesso de vendas, é traduzido para cerca de 70 línguas e adaptado para teatro e cinema. Pessoas de todo o mundo vieram a conhecer a história de Anne e, em 1960, o esconderijo torna-se um museu: a Casa de Anne Frank. Otto continuou estreitamente envolvido com a Casa de Anne Frank e o museu até à sua morte, em 1980. Ele esperava que os leitores do diário tomassem consciência dos perigos da discriminação, do racismo e do ódio contra os judeus.
A história de Anne Frank já foi contada e recontada inúmeras vezes desde a publicação de seu diário. Se alguém não leu os escritos de Anne, certamente viu algum filme ou ouviu alguma história que dê conta da jornada da menina e de seus familiares. “Anne Frank, Minha Melhor Amiga” coloca o foco em cima de Hannah Goslar, a melhor amiga de Anne. Com isso, mais do que a história do diário, o espectador consegue ver com mais exatidão a vida comum da garota pelos olhos de outra pessoa.
Seja assistindo ao novo filme, ou lendo o velho diário, vale a pena conhecer a narrativa sob a ótica de quem viveu os horrores da guerra, racismo e perseguição. Mesmo estando há mais de sete décadas do fim do conflito, a temática continua sendo atual, e nos coloca a refletir. Quantas Anne Frank mais precisarão morrer para que, enfim, aprendamos a lição?
Vale lembrar que Holambra foi fundada pelos holandeses em 1948, justamente devido, entre outros, às devastações causadas pela Segunda Guerra Mundial. Imagino que muitos dos primeiros pioneiros tenham vivenciado de perto histórias como essa, de Anne, e milhões de outros judeus, que ficaram nas entrelinhas das histórias de vida de cada um de nossos fundadores.